quarta-feira, 12 de junho de 2024

Resenha de "Fata Panthera e os Medalhões Herméticos" por Pedro Henrique de Oliveira



De fadas góticas e dragões, a alienígenas e investigação. 
Fata Panthera é um prato cheio! 

Tratamos aqui de um livro escrito como uma espécie de “série” episódica, isto é, aquilo que se trata geralmente como capítulos, aqui é chamado de episódio, sendo o livro dividido da seguinte forma:

    • Episódio um: Duendes alienígenas
    • Episódio dois: O dragão
    • Episódio três: Cruzeiro de bruxas
    • Episódio quatro: Gárgulas

    • Episódio cinco: Fluxos e vórtices

Cada episódio possui algumas “subdivisões” e apesar de tratarmos de cinco episódios, cada um com mais de quatro dessas, o livro possui apenas 138 páginas ao todo! Contando com o conteúdo adicional, como o “Sobre o autor”, os agradecimentos, etc.

Tratando de detalhes mais técnicos, há quem vá se incomodar com coisas como o papel branco que foi utilizado no miolo do livro, bem como a fonte pequena. A capa pode deixar a desejar, mas ao leitor que busca uma aventura confortável e acessível este pode ser um prato cheio!

O mundo aqui é menos explorado, e vemos uma profundidade menor, para possibilitar uma maior atenção às histórias vividas, e como elas refletem nos personagens. Isso se dá, em grande parte, pelo fato de que Fata Panthera e Morgana nasceram em contos independentes, que foram somente compilados!

Tratando de narrativa, vemos uma quebra de expectativa logo no início. Fata Panthera é uma fada que não se enquadra, e logo é enviada para trabalhar com uma fada urbana chamada Morgana (sim, é a irmã do Rei Arthur!). A partir daí vemos como as “fadas góticas e roqueiras” lidam de forma nada ortodoxa com os problemas que lhes surgem!

Sobre os episódios 

Em “Duendes alienígenas” nos encontramos com a primeira aventura de Morg e Panthera. Uma nova ameaça surge e logo se nota sua hostilidade. Os duendes dagutianos são uma espécie alienígena criada pelo autor, e são coisinhas feias, baixas e de pele verde. Três olhos, duas pernas, uma bocarra e uma espécie de braço ou pinça que usam para segurar e disparar seus raios.

No episódio 2 Morgana se vê ferida, e Panthera decide buscar a ajuda de um poderoso dragão, Kuanyin Waldock. Alertada por guias espirituais do risco de se pedir ajuda ao dragão, Panthera, teimosa, parte em busca dele. Descobrimos estranhos (e muito cômicos) fatos que nos contam sobre como o dragão oferecia seu risco.

É indiscutível a beleza da cena em que todos se juntam para curar Morgana, embora talvez peque em nos deixar ansiosos.

Dali em diante conhecemos os tais “medalhões herméticos”, ferramentas do deus Hermes transformadas em medalhões para que não fossem parar em mãos erradas. Conhecemos as bruxas e sua importância e até mesmo acompanhamos uma investigação num cruzeiro!

A investigação é com certeza um dos pontos altos da história, quando podemos acompanhar um aprofundamento ainda maior da relação entre Panthera e Morgana, e conhecer novos personagens e vilões (mais ou menos por aí, descobrimos até que os duendes dagutianos são responsáveis por guardar um dos medalhões em seu planeta natal!).

A forma como são dispostas as histórias torna a leitura confortável e, por se tratar de uma coletânea de contos, a releitura pode ser feita sem seguir a ordem em que as aventuras nos são apresentadas.

Os contos prendem e emocionam, embora possam deixar abalado o leitor mais crítico, que prefira atenção ao worldbuilding e que espera que cada nome (pois são muitos os que têm tais referências) tenha uma razão por trás de sua significação.

Apesar disso, é com certeza literatura de conforto. Um filho com defeitos que se pode amar por um dia inteiro e tantos mais. As fadas são tratadas com atenção, e suas histórias são interessantes, especialmente quando vemos como a magia “natureba” das fadas interage com o mundo moderno, com a tecnologia e as pessoas comuns.

As referências LGBTQIAP+ presentes na história são sutis e sinceras, e a relação entre Morgana e Panthera se constrói de um jeito encantador e realista, sem apelar para o queerbaiting.

Sobre o autor

Rafael Bertozzo Duarte é engenheiro aeronáutico, e posteriormente fez uma graduação em letras. Seu amor por literatura é expresso em suas tantas publicações, além de ser um dos atuais (ano de 2024) coordenadores do NLCAC, Núcleo de Literatura e Cinema André Carneiro (o selo do núcleo, que indica este livro como a décima sexta publicação, está na capa!)

Considerações finais

É comum pensarmos em literatura fantástica como coisa de criança. Aqui vemos como fantasia, literatura fácil e confortável pode estar aliada a temas mais sérios, histórias envolventes e emoções fortes. Fata Panthera é uma ótima pedida para os pais, bem como para os jovens. É também, com certeza, uma ótima pedida ao leitor iniciante, que deseja engajar no mundo literário.

Agradeço sua leitura!

Pedro Henrique de Oliveira, Curitiba, 2024

 

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